Este livro é dedicado à análise do fenômeno da avaliação, questão atualíssima, emblemática dos tempos que vivemos, por fazer-se presente em todos os espaços institucionais do mundo contemporâneo. A esfera ideológica da avaliação firmou-se nos séculos xx e xxi como a inevitável consequência do desenvolvimento científico e tecnológico, ultrapassando fronteiras nacionais e contextos locais. Esta obra, escrita por antropólogos, filósofos, psicanalistas e sociólogos, ao analisar os dispositivos e os procedimentos avaliativos a partir de diferentes perspectivas, mostra a abrangência com que o fenômeno se expande e se institui, impondo sua autoridade sobre diversos campos do conhecimento e esferas da vida social. O saldo deste processo onipresente de qualificar a tudo e a todos conforme critérios legitimados pela máscara da neutralidade é o privilégio do resultado e da resposta urgente e irrefletida, em detrimento do tempo e das condições necessárias à construção de um saber reflexivo e crítico sobre o mundo que nos cerca. Navegando contra a corrente, outro mérito deste livro está em trazer à discussão o “inavaliável”, aquilo que escapa à ilusão sob a qual se erige o sistema de avaliação, revelando a dissimulação de um processo supostamente ético que configura, de fato, um poderoso e ubíquo sistema de vigilância e controle. Esta coletânea encerra os mais de sessenta anos de publicação da tradicional revista francesa Cahiers internationaux de sociologie, criada por Georges Gurvitch em 1946.