Sir John Carew Eccles, falecido em Maio de 1997, dedicou a sua vida ao estudo do cérebro e à defesa de uma filosofia dualista. Enquanto a maioria dos neurocientistas se prendem a um materialismo radical, Eccles dedicava-se a fundamentar cientificamente os ensinamentos do senso comum, segundo os quais o espírito, consciente de si próprio, exerce, como atestam os movimentos voluntários, uma acção efectiva sobre o cérebro. Em relação aos materialistas, a carga é violenta. As recentes teorias neurobiológicas da consciência são acusadas de dogmáticas e reducionistas. A identidade do mental e do neural, afirma Eccles, é um programa e não um resultado. Esta é a importância crítica do seu dualismo. Por outro lado, possuirá um valor heurístico? A obra científica de John Eccles tem por objecto a excitação dos neurónios motores pelas fibras nervosas e revela-nos a originalidade de recorrer à física quântica, com o fim confesso de suportar a tese de um controlo da actividade cerebral pela via mental sem infringir as leis da conservação da energia. Hipótese audaciosa que alimenta úteis observações do neocórtex. A esta incontestável fecundidade científica vem juntar-se o sentimento de ter triunfado sobre o materialismo e de ter reforçado fortemente a nossa fé numa alma humana de origem divina. Uma tentativa de conjugar o espiritualismo e a exigência científica. JOHN C. ECCLES (1903-1997), fisiologista australiano, notabilizou-se pelos seus estudos de neurofisiologia. Nasceu em Melborne enquanto fazia investigação no College of the State University of New York em Buffalo, Eccles trabalhou em detalhe nas modificações químicas das transmissões nervosas. Pelo seu trabalho foi-lhe atribuído, em 1963, o Prémio Nobel da Medicina. Das suas inúmeras publicações o Instituto Piaget publicou Evolução do Cérebro.