Na Cidade de Clair-Monde, em um futuro próximo, sob uma espessa camada de nuvens e bruma, vivem os habitantes de uma cidade ideal na qual, para o bem de cada indivíduo, tudo o que pode ser prejudicial é proibido: os implantes bancários subcutâneos controlam os gastos, uma brigada antissuicídios fiscaliza as crises depressivas, a compatibilidade sexual é exibida em uma tela-rastreador portátil, as drogas são vendidas livremente, todos têm direito à cirurgia estética e à juventude quase eterna.Se não se deseja mais ser feliz, agora há escolha: viver nos confins da cidade, entre mortos-bancários, drogados, obesos, malucos. "Com a Clair-Monde, a felicidade não é mais uma utopia."Nessa sátira a uma sociedade utópica baseada na premissa da felicidade obrigatória, em uma atmosfera de policial noir, a autora faz referências a pesos-pesados da ficção científica, como Philip K. Dick, autor de Do Androids Dream of Electric Sheep?, o livro que inspirou o filmeBlade Runner. Cidade da penumbra é um retrato muito bem-acabado do consumismo e do endividamento bancário, do uso indiscriminado de remédios e drogas e da ditadura da felicidade a qualquer preço. Ao lidar com esses temas que já assombram o presente, Lolita Pille cria polêmica e aborda o totalitarismo, o racismo, a desinformação, a vigilância big brother, as cibertecnologias e assim, mais uma vez, desafia convenções.