Interessado em refletir e questionar temas ligados à contemporaneidade, Jacques Derrida trata, neste livro, de novas tecnologias, suportes e instrumentos para o texto. Fala também da geopolítica internacional, de sua terra natal, a Argélia, bem como mergulha em Sartre e na revista Les Temps Modernes, aplica sua estratégia de desconstrução no texto de De Man para depurar a questão da culpa e do perdão e reduz o texto impresso a sua mais desmembrada partícula. Os textos, dois ensaios longos e uma coletânea de artigos para jornais, entrevistas, conferências e cartas, são nas palavras de Derrida uma resposta a um convite, a uma pergunta, a uma inquirição. O título Papel-Máquina já aponta um lugar. Para além de ser o objeto-papel usado para a escrita na máquina de escrever, ele é o significante suporte de interpretações e indagações várias: do lugar das tecnologias ao papel da subjetividade na contemporaneidade; da virtualidade às marcas e às margens da escrita; da globalização às estratégias de exclusão explicitadas na figura dos sem-documentos, dos sem-papéis. O papel, o traço, o rasgo. O devir papelada. Leituras sobre leituras: da desconstrução e remontagem de um poema de Mallarmé às confissões de Agostinho e Rousseau, lidas por De Man que, por sua vez, é relido por Derrida. O espaço de resistência provocado no filósofo pelas páginas de Heidegger; o engajamento filosófico e político de Sartre entrevisto por meio de uma saudação a Les Temps Modernes; o próprio posicionamento político de Derrida explicitado em cartas ao Presidente Clinton contra a pena de morte e ao ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, seu companheiro na Sorbonne, em favor de José Rainha e dos sem-teto... Enfim, releituras de filósofos tocados pela literatura ou mesmo de escritores que elaboraram algum tipo de pensamento teórico-crítico como é o caso de Gide e Camus.