De entre as inúmeras alterações que a família sofreu nas últimas décadas, talvez a mais notável seja a variedade de modelos e estruturas, pluralidade essa com que a família se tentou adaptar às vertiginosas mudanças económicas e ideológicas e ao mesmo tempo, satisfazer as solicitações de todos e de cada um dos seus membros, as quais não se limitam à saúde e bem-estar físico, mas também ao crescimento pessoal integral.Actualmente, e de acordo com o conteúdo dos inquéritos mais recentes, a família é vista como a mais importante fonte de satisfação pessoal. Hoje em dia, numa sociedade denominada de pós-industrial e pós-moderna, a família torna-se o meio ambiente mais próximo, mais quente e mais solidário.Não é menos certo que as experiências vividas no seio da família podem ser as mais dolorosas e mais destrutivas. Em muitos casos, trata-se meramente do simples efeito causado pela incerteza, aliada à diversidade e à falta de segurança provocadas pela inexistência de modelos de referência prévios, o que aumenta a confusão daqueles que optam por modelos menos convencionais e menos normativos.Perante esta realidade, parece ser importante ter consciência da própria realidade familiar, da sua herança, dos seus recursos e suas disfunções, da sua estrutura mais implícita e dos laços invisíveis que com tanta força a ela nos unem. Pretende-se assim assumir um papel mais consciente e mais activo no desenvolvimento da vida familiar, pois acreditamos que, respeitando a diversidade de modelos familiares, podemos construir um ambiente com identidade própria, que facilita o nosso desenvolvimento pessoal e projecta cada pessoa para além dos reduzidos limites do parentesco familiar. ADELINA GIMENO COLLADO é professora catedrática na Universidade de Valência e directora de investigação sobre Psicologia do Desenvolvimento Adulto e Familiar