Em um dado momento do livro, Mário Baggio nos traz o diário de um soldado em campo de batalha. Entramos nesse campo com ele, entendemos o mirar e estar sob a mira, entendemos o tiro. Mas o tiro metafórico não dói, não sangra e não mata. A vida é um campo de batalha onde nós, artistas, estamos sempre mirando, de olho em alguma ou várias coisas, e somos igualmente alvos. Nos expomos de peito aberto do lado de lá da trincheira, esperando o impacto. Ou provocando o impacto. O tiro, enquanto analogia, é apenas um estampido; o que fica é o que esse estampido muito rápido deixa de herança. A prosa de Baggio é o estampido. A herança vai da sensibilidade de cada um. Certa feita, resenhei um dos livros de Baggio para o blog Bibliofilia Cotidiana. Não é uma resenha recente, mas me recordo claramente de aponta algo muito peculiar na obra dele: Baggio não conta histórias, ele conta fragmentos delas. É como se ele escrevesse narrativas mais longas e pinçasse de dentro delas aquilo que (...)