Em curtas histórias, em que os protagonistas sempre se chamam João e Maria, o escritor Dalton Trevisan remexe na guerra diuturna travada entre os casais da pequena burguesia curitibana. O gatilho que detona todas as crises de \'A Guerra conjugal\' é a consumação do casamento. O que se segue a ele é o tédio, a insatisfação, a intolerância, e, por fim, a tragédia. Seja qual for o par amoroso, o que vem à tona é a impostura que aparentemente o sustenta. Nada romântico, o curitibano Trevisan é o retratista destas guerras silenciosas que denunciam o desajuste humano, da face que se esconde do outro lado da cena amorosa. Cenas descritas com uma pena carregada de sarcasmo, levadas ao limite do grotesco, mas concentradas por uma linguagem absolutamente econômica. Muitas vezes o drama é relatado somente por uma seqüência de diálogos, como em \'A noiva do diabo\', noutras, a predileção pela concisão transparece através desta fala de um de seus personagens: \'Se for preciso, escreve um bilhete - com o mínimo de palavras\'. Em suma, é a cruel e precisa análise de um mundo povoado de sonhos miúdos e de desejos desencontrados.