Vida, Forma e Cor trata basicamente de arte e artistas - como prosadores, poetas, ensaístas, pintores, escultores, e até mesmo de um músico como Villa-Lobos -, pois foi justamente como artista da palavra que ele começou a incomodar dois tipos igualmente curiosos e antipáticos da república das letras: os que o condenavam por fazer ciência, ainda que social, utilizando uma linguagem de elevado teor artístico, e aqueles que não conseguiam vê-lo como escritor literário porque, fazendo ciência, isso viria a contrariar, seguindo-se tão tolo raciocínio, a própria índole da literatura, o que fez Gilberto Freyre observar, em um dos passos desta obra, que "segundo alguns mestres da crítica literária, nada devo pretender entender de literatura", e confessar em outra parte: "Eu sou hoje o primeiro a afastar-me dos beletristas assim sectários, embora sem ligar-me aos sacerdotes devotos das seitas contrárias às suas: aquelas que julgam essencial a algum filósofo, tanto quanto ao bom sociólogo ou ao bom jurista ou ao bom antropólogo, escrever arrevesado e desdenhar de todas as graças da vida e da cultura".