A mulher de um embaixador francês comparece a uma festa de candomblé em Caxias, Rio de Janeiro, na década de 1960. Durante os festejos, perde o controle e entra em transe. Sua vida muda completamente em direção à África, ao Brasil e ao Candomblé. Na volta a Paris, já iniciada pelo pai-de-santo Joãozinho da Goméia, escreve sua tese de doutorado sobre o tema, orientada por Roger Bastide. Anos depois, retorna ao Brasil como Conselheira Pedagógica do Serviço Cultural Francês. Através de amigos como Pierre Verger, se aprofunda cada vez mais nas raízes da cultura africana. Compra uma casa em Santa Cruz da Serra que se tornaria o seu terreiro, onde reina até hoje, aos 83 anos. Batizada Omindarewá, ou água límpida, Cossard se tornou a primeira mãe-de-santo européia do Brasil. Embora não sejam muito numerosos os seguidores assumidos do candomblé, a religião tem uma grande influência. Mesmo no país que tem a maior comunidade católica do mundo, com mais de 120 milhões de fiéis declarados, muita gente acredita no candomblé e consulta mães-de-santo como Omindarewá. O candomblé foi proibido no Brasil até 1946. A religião sobreviveu porque os escravos contornaram a proibição fingindo estar adorando santos católicos. Depois de ser legalizado, o candomblé cresceu rapidamente e se espalhou de Salvador para o Rio de Janeiro e outras cidades. Em Awô - o mistério dos orixás, Gisèle Cossard nos apresenta o que vem a ser a religião dos Orixás e como ela se firmou no Brasil. Suas identidades e diferenças através do olhar acadêmico e das experiências religiosas de uma mãe-de-santo francesa.