Os personagens deste 14º romance de Esdras do Nascimento são a cidade do Rio de Janeiro, com todos os seus mistérios, beleza, fascínio, desafios e desgraças, e os grupos sociais que dentro dela se movimentam, em círculos equidistantes. É sobre a movimentação das protagonistas da história, todas mulheres, no girar desses grupos, que se estruturam as narrativas. É um típico romance urbano carioca, na linha de Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Lima Barreto e Marques Rebelo. Bem-sucedidas profissionalmente, tímidas, ousadas, incompetentes, desonestas, interesseiras, generosas, fracassadas, lindas, feias, simplesmente bonitas, ansiosas, prepotentes, preconceituosas, libertas, inseguras, oportunistas – as mulheres que marcam presença neste romance são impiedosamente desnudadas em seus receios, sonhos, ambições, desejos, acertos e desacertos afetivos e existenciais. Altamente sofisticado no texto, com narrativas que alternam primeira e terceira pessoas, misturam passado e presente, objetividade jornalística, análise psicológica, enfoque político e elaboradas técnicas literárias, A Rainha do Calçadão, Opus 14, revoluciona o fazer do romance ao oferecer ao leitor a possibilidade de ler a história de sete maneiras diferentes. Talvez oito. É como se o leitor tivesse diante de si sete ou oito romances em um. Conforme seu estado de espírito no momento, sua formação cultural, seus desejos, sonhos e frustrações, poderá ler a história que mais se aproximar da aventura espiritual que estiver disposto a viver.