Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade nos conecta com as complexas tramas que conformam a memória social acerca da ditadura no Brasil. A obra descortina o processo de criação da Comissão Nacional da Verdade e a elaboração de seu Relatório Final, ao mesmo tempo em que discute sobre os usos políticos do passado e os fazeres e práticas dos historiadores. Assim, problematiza as múltiplas temporalidades que envolvem os debates acerca da experiência ditatorial e da própria CNV. Caroline Silveira Bauer aborda o tema de forma ética e sensível, furtando-se de caminhos fáceis e privilegiando perguntas em detrimento de respostas. Reside aí sua maior qualidade: a habilidade de nos interpelar com tantos e tão vigorosos questionamentos. Ela nos conduz ao exercício da re¬flexão e oferece as ferramentas para tal, a partir de um diálogo que articula a História com o Direito, a Psicanálise e a Filosofia. Ao fazê-lo, evidencia que a história e as memórias acerca da última ditadura brasileira serão percorridas por muito tempo. Como será o passado? tem todos os atributos para se tornar leitura obrigatória para aqueles que desejarem percorrê-las. E assim será. (Alessandra Gasparotto)