Quando se é obrigado a escrever entre aspas a palavra “cultura”, isso quer dizer que a cultura está realmente em mal estado. Quando a diferença entre a propaganda turística, midiática, festiva e a cultura não é mais claramente percebida, isso quer dizer que a “cultura” triunfa. Quando não se fala mais de um livro, de uma mostra, de um concerto para dizer aquilo que respectivamente são, mas somente para discutir quanto público atraíram e de que maneira, significa que o sentido dos livros, da arte e da música se dissipa em uma névoa indefinida. Isso acontece todos os dias debaixo dos nossos olhos. E às vezes – como hoje na França – é o próprio Estado quem o fomenta e administra, transformando-se em um empresário que compete em suntuosidade e inventividade com o empresário do setor privado, com um gesto de aparente devoção à cultura e uma vontade velada de manipulá-la, de utilizá-la para seus próprios fins.