Este livro é muito mais do que uma cândida e penosa denúncia. É uma ampla e espiritual reflexão sobre o doloroso e gozoso mistério da vida que tem muitos jardins. Há os jardins do próprio eu, do coração, da graça de viver, da religião e da poesia. O poeta maior mato-grossense Manoel de Barros (1916-2014) esculpiu um pensamento redondo e irretocável: “Entender é parede. Procure ser árvore”. Na lousa de nossa parede, muitos escreveram como nossos pais, parentes, amigos e inimigos, vizinhos e estranhos, mestres e pedestres de mil estradas. Todo mundo deixou sua mensagem e seus conselhos. Alguns podem ter deixado grandes pontos de interrogação. Outros, no entanto, plantaram sementes para que nossa árvore frutificasse, dando sombra aos passantes cansados e uma copa acolhedora para os passarinhos. É olhando para nossa parede que podemos nos entender melhor, mas é sendo árvore que estamos no caminho de nossa realização pessoal, deixando de ser apenas uma interrogação ou uma opaca parede.