Falar hoje sobre a pessoa deficiente representa um risco, uma vez que a única alternativa parece ser nos posicionarmos dentro de uma visão tradicionalmente ligada aos mecanismos de exclusão e de segregação, para que nos situemos através de discursos politicamente corretos, na maior parte das vezes sem nenhuma relação com a realidade, e frutos somente de uma elucubração realizada atrás das mesas de trabalho e totalmente alienados do processo social no qual estamos mergulhados. Este livro não pretende orientar-se por esse parâmetro, visto que, na tentativa de voltar-se para estudantes de graduação e pós-graduação, procura, paralelamente, fornecer informações que consideramos básicas para se começar a pensar no tema, lançar questões que, justamente por não termos ainda respostas claras a elas, devem ser refletidas e pensadas. Do mesmo modo, pela diversidade de autores e, obviamente, de formas de pensamento e concepções sobre o tema, não se pode considerar que o trabalho tenha homogeneidade, o que, representa sua riqueza e uma de suas possibilidades de reflexão. Isso porque nenhum dos autores é um "pensador" no sentido estrito da palavra, pois todos são "clínicos" que trabalham com a pessoa deficiente em seu cotidiano e, por isso mesmo, a conhecem em sua realidade, e não somente por meio de leituras e elucubrações teóricas.