Quarenta anos se passaram desde que o filósofo francês Michel Pêcheux lançou, em 1969, a obra Analyse Automatique du Discours, fundando a Escola francesa de Análise de Discurso e desfazendo, de forma inequívoca, a ilusão de literalidade do sentido. A língua, nos ensinou Pêcheux, é atravessada pela materialidade histórica e pelo inconsciente, de forma que os sentidos se movem de acordo com o momento histórico e com o sujeito do discurso. Esta descoberta, aparentemente tão clara aos nossos olhos hoje, promoveu uma revolução nos estudos da linguagem de então. Desde Pêcheux, é uma ingenuidade falar em língua transparente, em inten-ção do autor do texto, em sentido único e literal. Do campo político explorado por Michel Pêcheux, a Análise do Discurso avançou para muitos outros campos nestes 40 anos: o discurso literário, midiático, jurídico, psicanalítico, da imagem e do próprio silêncio, entre tantos. A multiplicidade de análises feitas e objetos discursivos abordados encontrou [...]