A mulher, a casa, a cidade: três substantivos femininos que, no entanto, não correspondem à substância e realidade das coisas, pois casas e cidades têm sido feitas desde sempre por e para homens, excluindo e reprimindo os desejos e desígnios femininos. Neste livro composto de artigos e ensaios, Antonio Risério avalia a presença e o papel da mulher na arquitetura, urbanismo e design - no Brasil e no mundo - desde a Antiguidade até os dias de hoje, passando pela Idade Média europeia, pelas comunidades indígenas da América pré-colombiana e por cidades modernas dos quatros cantos, manejando uma bibliografia vasta e atualíssima, que ele articula com a leveza de uma conversa e o rigor da análise profunda e maturada. Mas não é só. Sem perder de vista sua senda principal, o autor se embrenha muitas vezes por trilhas paralelas - mas igualmente importantes na construção de sua narrativa -, como a invenção do amor na poesia provençal ou as condições de vida das mulheres na Índia, para concluir com três ensaios dedicados a figuras de destaque na criação arquitetônica e urbanística brasileira: Lina Bo Bardi, Lota Macedo Soares e Carmen Portinho. Ao final dessa longa e prazerosa jornada, é difícil não se perguntar, como quem sonha acordado: como seria uma cidade realmente fêmea, uma cidade feita para e pelas mulheres? E como seria o mundo?Depois de analisar a questao negra em A utopia brasileira e os movimentos negros, e de revisitar a historia e cultura das nossas cidades em A cidade no Brasil, Antonio Riserio se dedica agora, em Mulher, casa e cidade, a estudar a presenca e o papel da mulher nos campos da arquitetura, urbanismo e design (sobretudo, mas nao so, no Brasil), articulando obras e autores variados, e passeando pela historia, antropologia, literatura e artes plasticas com a liberdade de pensamento e expressao que fazem dele um dos mais importantes ensaistas brasileiros de nossos dias.