António Olaio é um artista plástico cuja obra ocupa um lugar preciso no panorama da arte portuguesa contemporânea. A cumplicidade do seu trabalho de pintor, músico, professor (para não dizer de indivíduo), com o campo cultural que Marcel Duchamp desbravou, é explicita e implicitamente permanente. Neste livro, navegando nas pistas que as obras e os escritos de Duchamp fornecem, Olaio entrega-se à reflexão teórica que um espectador informado pode construir, partindo dos efeitos das obras e da complexidade do acto de percepção. O resultado é uma perspectiva que abdica da leitura histórica e da decifração psicanalítica, para se posicionar no campo da comunicação. Cumprindo o papel de espectador disposto a encarar a obra como mistério, abandona os domínios da racionalidade científica para arriscar o domínio da intuição e a construção de uma tese no próprio território conquistado pelo trabalho de Duchamp.