A publicação, no mercado editorial brasileiro, de uma obra que sacudiu o mundo acadêmico lá fora e que já garantiu seu lugar como um "clássico" é sempre ocasião de júbilo. Aqueles que se incumbem da tarefa de historiar os rumos das pesquisas sobre o fenômeno da Metáfora desde os primórdios dos tempos, terão forçosamente de referir-se à obra de George Lakoff e Mark Johnson como um importante divisor de águas. Pois o que esses dois estudiosos fizeram foi nada mais nada menos que colocar em cheque todo um modo de pensar sobre a metáfora que a considerava um simples adereço do pensamento - embelezador quando utilizado com cautela, enganador e traiçoeiro quando usado de forma descuidada como se o pensamento propriamente dito pudesse funcionar perfeitamente sem ela. Desafiando a longa tradição, que deita suas raízes nas obras de Aristótelese mesmo no pensamento do seu mestre, Platão, que faz questão de expulsar os poetas da República dos seus sonhos os autores deste livro sustentam a tese de que, longe de serem fenômenos marginais, as metáforas são de importância vital para o próprio funcionamento da mente humana, uma vez que sem a sua atuação constante, o pensamento em si se tornaria impossível. Ora, as implicações da tese defendida por Lakoff e Johnson vão muito longe, já que dizem respeito não apenas à linguagem, mas, sim, à própria atividade de cognição. Esta, segundo os autores, não se processa de forma desvinculada da linguagem, por um lado, e da nossa maneira de lidar com o mundo, por outro. Para os autores dessa tese bastante original e ousada, as nossas metáforas mais fundamentais são, todas elas, diretamente ligadas às nossas percepções do mundo, a começar pela nossa relação com nosso próprio corpo. Ou seja, a mente e o corpo não são tão independentes como quer a longa tradição metafísica do mundo ocidental, tradição essa consagrada pelo cartesianismo. O começo de toda a atividade cognitiva seria a experiência humana de lidar com o mundo externo