Ao longo dos anos, constatei de maneira clara e ineludível os nexos que aproximam as duas ramificações do saber, seu relacionamento dialético, seu namoro dialogal, seus olhares cúmplices e convergentes, seus relógios compassados, cônscios da atração mágica que os enreda, bem como do significado que se encerra na intimidade perseguida. Afinal, este é o sentido do presente livro, engendrado para capturar o paralelismo (ou seus elementos aglutinadores) entre o jurídico e o literário, aquilo que se costuma qualificar como uma visão romanceada e transformadora do direito ou o patrimônio jurídico de uma obra ficcional, com toda a carga humanizante, emancipatória e epifânica, que se vislumbra nessa parceria de mistérios, afetos e identidades, como se cada qual, a despeito de suas idiossincrasias, se reconhecesse no outro, como se ambos percebessem o quanto são parecidos, numa explosão instigante, afrodisíaca, de sincronia e alteridade.[...]