Li este livro de Paloma Franca Amorim com a mesma surpresa que tive ao conhecer as obras de estreia de Marcelo Mirisola e Ferréz na virada dos anos 1990 pros 2000. Aquela certeza de estar diante de um novo veio, de uma nascente que marcará, como esses dois autores fizeram, cada um a seu modo, a paisagem literária dos anos seguintes. Cito dois homens por um acaso da história recente da literatura brasileira, mas é inevitável, quando lemos Paloma, lembrar de outras mulheres escritoras. Na apresentação e no prefácio do livro, Clarice Lispector é mencionada com razão. Lembrei também, ao escrever essa orelha, da jovem Raquel de Queiroz, em sua mistura de seca e de melancolia, e de Marilene Felinto, com sua prosa tão pessoal e tão lentamente dolorida. Cito tanta gente não por uma questão de filiação, mas para tentar dar um parâmetro do evento que é esse livro.