Escrever um livro. Como se fosse fácil. E agora que o tempo da minha vida vai se esgotando, será que é ainda o que me falta fazer? Cumprir a vontade daquela mocinha de pouco mais de vinte anos que um dia fui eu? Mas o diário, o que sobrou dele, é hoje apenas um punhado de folhas desconexas e pouco legíveis. Cadernos se perderam, páginas desapareceram. E cinquenta anos depois, quem foi a jovem que escreveu aquelas linhas? Onde está, dentro de tantos anos de memórias, aquela que viveu aquela Guerra? O quanto daquilo que ela viveu (que eu vivi!) já não foi moldado pelas lembranças de todo o resto da sua (minha!) vida? E afinal, como entrei naquela Guerra? Ou antes ainda, como aquela Guerra entrou em mim?