Experiência e memória - por Carla Rodrigues (PPGF/UFRJ e Faperj): Entre os muitos autores que compõe a constelação de leituras do filósofo Giorgio Agamben (1942) está o alemão Walter Benjamin (1892-1940), a quem Agamben traduziu para o italiano e com quem dedicou-se a pensar temas importantes da sua obra, como linguagem, lei, estado de exceção, forma de vida e experiência. “Todo discurso sobre a experiência deve partir atualmente da constatação de que ela não é algo que ainda nos seja dado fazer”, escreve Agamben, seguindo muito de perto a concepção benjaminiana de experiência. Escolhi falar de experiência para esta breve apresentação de “Agambiarra - escritos sobre a filosofia de Giorgio Agamben” por considerar que o livro, não apenas este volume mas como todo seu processo de elaboração, constitui uma verdadeira experiência filosófica, compartilhada por todos/as que participaram, direta ou indiretamente, da produção dos textos aqui publicados. São pesquisadores/as da filosofia de Agamben que se dedicaram a experimentar, no rigor acadêmico de seus escritos, a chance da criação. Ideias, argumentos e hipóteses convergem para a invenção deste significante – agambiarra –, confirmação de que pode haver experiência onde existe uma mínima possibilidade de liberdade. Esta experiência foi possível em grande parte pela dedicação com que cada autor/a aqui presente tem desenvolvido suas pesquisas em torno da obra de Agamben, cuja recepção no campo filosófico brasileiro ainda está por ser analisada. É uma honra e uma alegria fazer parte desta experiência filosófica e constatar o resultado primoroso do trabalho de organização dos textos aqui reunidos. Ana Carolina Martins, Caio Paz, Isabela Pinho e Juliana de Moraes Monteiro souberam editar neste livro uma experiência inspirada por Agamben, mas também pelas trajetórias de pesquisa de cada um/a. O livro conta ainda com ensaio de Giorgio Agamben no qual mais uma vez ele evoca o filósofo alemão: “E é sempre Benjamin quem nos lembra