Merleau-Ponty dizia: o corpo dá lugar ao espírito que esquece o corpo que lhe deu lugar. Elaborando uma complexa tradição de raiz benjaminiana, o presente volume quer contribuir a reparar esse esquecimento, fornecer ligações para suturar a ferida aberta entre nós e o mundo e, em última instância, esboçar novas constelações sobre o horizonte do pensamento contemporâneo — constelações capazes de orientar-nos neste deserto povoado de miragens em que parece ter-se convertido a nossa história. A potência da palavra e a indisciplina da escrita, a astúcia da linguagem e a resistência do olhar, a festa e a promessa do comum. Entre o peso do dado e a leveza do pensado, Vinícius Nicastro Honesko explora nestes ensaios o espaço imponderável que vai do sensível ao imaginável. As suas páginas evocam caminhos, mas é o caminhar o que as define — inclusive, ou sobre tudo, fora de rota. Merleau-Ponty dizia: o corpo dá lugar ao espírito que esquece o corpo que lhe deu lugar.