Tóquio, a maior cidade do mundo, a maior cidade da história do mundo. Era um vilarejo de pescadores por volta de quatrocentos anos atrás, e agora abriga 37 milhões de pessoas, quase a população da Califórnia. Bandos de estudantes em blazers azuis e saias xadrez. Garotos com cabelos espetados com as pontas descoloridas e headphones enormes, jaquetas camufladas e lenços de caxemira. Hordas de homens de negócios de ternos pretos. Uma cidade tão densa que os cafés de mangás 24 horas alugam câmaras para passar a noite, tão pós-humana que há bordéis em que bonecas fazem as vezes de prostitutas. Um labirinto inavegável com 1.900 quilômetros de ferrovias, mil estações de trem, casas sem endereços, restaurantes sem nome. Uma confusão infindável de vielas em estilo Blade Runner em que lanternas de papel flutuam entre cabos de energia entrecruzados. E no entanto: limpa, segura, tranquila, de algum modo leve, um lugar cuja ordem parece sustentada pela lógica de um sonho.