A pandemia não é em si mesma o acontecimento — eis a hipótese de que parte este livro. O acontecimento, precipitado pela conjunção de isolamento preventivo e uso exacerbado de tecnologias digitais, é a “torção” dos sentidos por meio dos quais nos imaginamos próximos ou distantes de tudo o que nos rodeia. Entre esses sentidos contam-se o amor, a viagem, o estudo, a comunidade e a arte. É pelo ângulo dessa hipótese, que é também uma provocação existencial e um desvio epistêmico, que muitas das questões sobre a crise do coronavírus são abordadas por João Pedro Cachopo. De que modo a pandemia está transformando nossa vida? Como podemos e devemos n os posicionar ética, política e artisticamente perante essas transformações? No que toca às consequências desta emergência sanitária, em particular às que decorrem do aprofundamento da revolução digital, estamos tanto sujeitos ao acontecimento quanto somos sujeitos dele.