Hoje, podemos mais do que queremos. a frase é simples, mas cheia de consequências. Pela primeira vez na história da humanidade, temos de tomar muito cuidado com o que dizemos querer, pois o avanço tecnológico é de tal ordem que o que até ontem parecia sonho hoje é realizável. Desde a pior vontade, tal como “Eu queria explodir o mundo”, até uma declaração amorosa – “Eu quero te ver ainda hoje” –, os dois são possíveis. Esse verdadeiro tsunami tecnológico que nos desbussola é fruto de quarto principais domínios tecnocientíficos agrupados na sigla NBIC: nanotecnologia, biotecnologia, informática e cognitividade. As mudanças se fazem sentir em todas as áreas de nossas vidas, do nascimento, passando pela educação, pelo amor, pela profissão, pelo lazer, pela família até a morte. Este livro privilegia exatamente este último aspecto, sem evidentemente desconsiderar os outros, pois estão imbricados. Vamos viver muito mais do que poderíamos imaginar. 120, 130, 140 anos é o que se prevê para nossos netos. Imagine fazer um vestibular para medicina aos 97 anos. Engraçado, não é? e que tal comemorar 90 anos de casados? Que nome dar a essa boda? Parece ficção científica, mas não é. A manipulação da espécie humana nos afasta do determinismo biológico darwiniano, não somos mais “naturalmente” selecionados. A cada instante, teremos de afirmar o que queremos ou não. Quebramos os limites, aumentou a nossa responsabilidade. Como cada um vai se posicionar entre as três principais correntes da revolução tecnológica: bioconservadores, transumanistas e pós-humanistas? a primeira tenta limitar os avanços e seu emprego; a segunda pensa como Homem e máquina podem se complementar; a terceira imagina que uma nova espécie está nascendo. Este livro de Laurent Alexandre é bom e necessário. Possivelmente, é um dos melhores e mais bem referenciados estudos sobre o impacto das novas tecnologias sobre a espécie humana. Além de provar que o complexo casa muito bem com a clareza.