A palavra biografia só aparece nas línguas europeias no final do século XVII, porém a prática biográfica era atestada há muito tempo. O caráter híbrido do gênero, a dificuldade de classificá-lo numa disciplina organizada, a pulverização entre tentações contraditórias, como a vocação romanesca e a ânsia de erudição, fizeram dele um subgênero pouco considerado pelo mundo acadêmico, mas que detém grande interesse por parte do público leitor. François Dosse empreende uma história do gênero biográfico observando uma espécie de ibertaçã desde o início dos anos de 1980, com as ciências humanas em geral, e os historiadores em particular, redescobrindo as virtudes do gênero. Seu caráter inclassificável, outrora considerado como uma característica que a desqualificava, tornou-se um trunfo: a escrita biográfica tornou-se um bom campo de experimentação para o historiador, que pode constatar o caráter ambivalente da epistemologia de sua disciplina.