A lógica da velocidade totalizou seu mundo, reconfi gurando necessidades e aspirações. Suas consequências, no entanto, estão longe de ser completamente conhecidas. A explosão do cibermundo adentra os meandros da intensa aceleração do social nas últimas décadas, embasada na utilização de tecnologias digitais e redes interativas, em todos os domínios de atuação humana – uma condição histórica irreversível e transpolítica (para além da capacidade de administração e controle por parte das instâncias políticas legadas pelos séculos XVIII e XIX). A velocidade aí liberada arrasta, no limiar do suportável, todos os corpos e mentes, as interações em geral, enfim, o vivido. Objeto de desejo corrente, ela não somente fustiga decisões e ações, como também concede sentido à competência técnica e ao senso comum, na linha que vai da esfera do trabalho à do tempo livre e de lazer. A velocidade se tornou pressuposto fundamental da sensibilidade de mundo. Os textos aqui reunidos são uma resposta a essa realidade, com foco nas transformações ocorridas na política, no espaço urbano, na construção da identidade e em nossa dimensão racional e imaginária, na percepção e na gestualidade, na relação com o tempo, com a morte, com o outro etc., a partir do momento em que a “loucura objetiva” da velocidade se converteu em vetor majoritário, espalhado e invisível.