Para a análise dos conflitos nos territórios de pesca no estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, que desenham também uma espécie de “guerra das ciências” (ou das diferentes modalidades de conhecimento), Gustavo Moura busca em Laschefscki o conceito de conflitos ambientais territoriais. Um ponto de partida fundamental refere-se ao questionamento “decolonial” da unidade científico-epistemológica do conhecimento, tão evidente nas metanarrativas teóricas da modernidade em sua versão hegemônica. Dá-se assim o reconhecimento da necessidade de ler o mundo na sua diversidade epistemológica, através de uma visão “situacionista” tal como proposta por Boaventura de Souza Santos. Nela se delineiam pelo menos três grandes modalidades ou perspectivas de conhecimento: o conhecimento “ecológico tradicional”, o “científico moderno reducionista” (que também poderia ser denominado, para fazer jus ao amplo uso “decolonial” do termo, “moderno-colonial”) e o governamental. É nesse jogo, principalmente entre a primeira e a terceira abordagem, que se desdobra a análise do autor .