A natureza específica da música em relação às demais artes marca profundamente também sua história. Tanto no Oriente quanto no Ocidente, a literatura, a escultura, a arquitetura e a cerâmica aí estão como testemunhas seculares e, não raro íntegras, também milenares. Até mesmo na pintura restaram vestígios, às vezes importantes. Mas na música, pelo menos no Ocidente, praticamente nada resistiu, até a Alta Idade Média, à incessante contagem dos dias - como diria Horácio. Em contrapartida, dos séculos recentes tudo, ou quase tudo, sobreviveu, graças às inovações tecnológicas, iniciadas com os tipos móveis da imprensa. E por isto hoje podemos ter, a nosso lado e a qualquer momento, os grandes mestres da música ocidental com sua obra e/ou com sua vida. É isto que faz Paul Trein em O coração da música, uma bela obra introdutória sobre os mais destacados compositores europeus do período pós-renascentista.