O autor Lasana Lukata, no livro de contos Homem ao mar, reúne a partir das rememorações dos desafetos e desgostos de um narrador singular – peculiar à atmosfera lasaniana –, que desde a infância vive sob o fio da navalha, estórias e / ou histórias que engendraram a transformação do homem-sonhador em um prosador-poeta, talhado pela crueza cotidiana da subjetividade do mundo contemporâneo. À leitura de cada página acompanha-se o intermitente grito de autolibertação do agente narrativo, até então aprisionado pelos grilhões das reminiscências, coaguladas no presente do seu próprio declínio. Sob a ótica estética de um realismo circunscrito aos tons niilistas da linguagem pós-moderna, o autor apresenta por meio dos discursos direto e indireto, narrativas condensadoras de experiências, que desnudam pela textura da memória, cuja matriz em o Homem ao mar está na infância, entremeada às evocações, quase sempre metafóricas e dialógicas, à gênese da moralidade ocidental: à bíblia e à literatura de Homero, os interstícios do dilaceramento Lasana Lukata das relações interpessoais tanto no âmbito familiar como no seio social. A travessia pelo mar Lasaniano mostra que não há de existir cracas capazes de deformar a interioridade do navio que cada indivíduo comanda, isto é, não há cracas que consigam destituir os sentidos limiares do Ser. Com Homem ao mar, a literatura de Lasana Lukata, mais uma vez, parafraseando o escritor, não volta com as redes vazias.