A presença da mulher na sociedade rural do Vale do Paraíba Fluminense durante o século XIX, nunca foi motivo de estudos. O sexo frágil sempre foi visto como um ser incapaz de gerir sua vida ou qualquer outra atividade sem a tutela do homem, pai ou marido. São raras as referências na literatura, ou citações em periódicos da época a presença feminina no que tange a administração ou gerenciamento de negócios comerciais. O livro Donas do Café: Mulheres Fazendeiras no Vale do Paraíba (Rio de Janeiro, século XIX), foi concebido e escrito após uma exaustiva pesquisa por arquivos municipais (Vassouras e Piraí), nacional, Museu da Justiça do Rio de Janeiro e periódicos que circularam no século XIX. Nos livros escritos por diversos viajantes que percorreram o Brasil entre os séculos XVIII e XIX, e de conceituados escritores brasileiros contemporâneos. Através dos inventários post-mortem foi possível fazer uma avaliação da capacidade administrativa da mulher fazendeira de café e proprietária de muitos escravos. Nos processos de pedido de divórcio, a luta para garantir seus direitos de propriedade, a luta pela tutela dos filhos e pela sobrevivência. A leitura do livro leva o leitor a descobrir de forma agradável os passos firmes e decididos com que a mulher conquistou seu espaço na sociedade patriarcal e escravista do século XIX, no Vale do Paraíba Fluminense.