mário de andrade definiu para sempre: amar é verbo intransitivo. o amor atrai pela promessa do bem, mas cutuca uma ferida narcísica: expõe nossa carência, nossa incompletude. quando amamos, sofremos porque vemos no outro tudo o que nos falta e queremos. sofremos porque temos medo de que o outro nos abandone, levando consigo uma parte nossa que nos desabita. se não amamos, sofremos porque não temos com quem compartilhar o que temos. se não somos amados, não adianta ter o que compartilhar. crônicas do amor impossível mostra a corrosão que o amor provoca no outro lado. o que quebra na engrenagem do outro, os escombros pós-explosão e o que restou. sem sonhos e sem conselhos o livro fala de amor. preso no labirinto desse sentimento tenta uma fuga, pois, ao mesmo tempo em que há uma desconstrução, surge uma possibilidade do novo, da superação. e é justamente nesta superação que o autor tenta fazer o seu voo. no entanto, como no voo de ícaro, é também uma experiência dolorosa. convido-o a fazer a travessia neste deserto cheio de tesouros. entretanto, tenha cuidado para não se deixar atingir pelo brilho do sol que pode destruir qualquer chance de voo.