a linha do horizonte demarca o fim da tarde na fazenda triângulo mineiro. os olhos de seu fidêncio contemplam o astro-rei procurar assento na direção oeste pintando a serra com matizes de vermelho e laranja intensos. o fazendeiro busca no longe alguma explicação para o sentimento de vazio que o domina. mesmo agraciado por aquela visão divina seu coração não se reconforta. longe dele, um simples mortal, querer comparar-se a deus, mas imaginou o que ele sentira quando da queda de lúcifer. um anjo que foi agraciado com poderes sobre outros anjos, mas que preferiu se rebelar e voltar-se contra seu criador, talvez movido pelo egoísmo a inveja e outros sentimentos mesquinhos. seu fidêncio também tivera um rebento que como o anjo caído da bíblia voltou-se contra ele. será que deus já havia assimilado o golpe? essa faculdade era somente para o ser supremo. seu fidêncio, um simples fazendeiro, traria para sempre aquela chaga supurada em seu peito. mostrando a ele que longe de ser deus o homem estava ali, bem pequenino e que as coisas do céu não se podiam comparar com as da terra, haja vista que até o todo poderoso sol é obrigado a se deitar todos os dias do mesmo lado.