durante a antiguidade grega, vicejaram determinados movimentos que convergiam em relação à adoção de uma particular forma de vida ascética. em domínio religioso, tal conduta caracteriza-se como assinatura distintiva das crenças órficas, enquanto, em campo filosófico, revela-se como peculiaridade das comunidades pitagóricas. destarte, a trajetória marcada pela busca da ascese da alma entra para a história da filosofia como categoria “órfico-pitagórica”, deixando suas marcas no pensamento de eminentes filósofos da antiguidade que, por sua vez, exercerão forte ascendência sobre o posterior pensamento medieval. esta obra examina as razões – pouco explicitadas na literatura especializada – que levaram os círculos em questão a percorrer tal caminho, posto que o ascetismo órfico-pitagórico, enquanto exercício anímico, é escolha de vida que implica rigorosa transformação de vida.