O trabalho nas sociedades contemporâneas tem vindo a sofrer processos vários de mudança que, no contexto atual de crise económica e emprego, exigem equacionar a estruturação das identidades que sobre o trabalho se constroem, destroem e modificam. O estudo das representações sobre o trabalho constitui, assim, um tema com importância científica e social assinalável, que se manifesta neste livro a partir da análise dos processos sociais de formação de identidades sobre o trabalho em Portugal e as narrativas que daí resultam estruturando-o em simultâneo. O cinema constitui um veículo privilegiado de criação e divulgação de representações e, logo, de estruturação dessa memória coletiva, contribuindo para a formação das identidades e até mesmo da imagem do país. É sobre o trabalho que nos detemos, propondo um enfoque sobre as formas várias como é retratado no ecrã. Partindo da análise de um corpus de filmes que permite evidenciar as principais continuidades e descontinuidades dessas narrativas entre o final de 1920 e os anos 80, o eixo central deste estudo é a memória coletiva e social, já que é ela que permite evidenciar - tanto a nível individual como coletivo, os processos sociais de construção de representações sobre o trabalho.