A velocidade do processo criativo de Bruno Vicentini é inversamente proporcional à rapidez de suas narrativas: se estas são mesmo velozes, aquele pode ser comparado a uma persecução, tão tenaz quanto morosa. O perseguidor-autor converteu consideráveis lapsos temporais em construções exíguas, fez da curiosidade uma obsessiva observação, foi macarthista na caça aos excessos. Com lentidão bovina, por tentativa e erro ao infinito (sem nunca se contentar com menos do que a perfeição formal), pôs à prova seu estudo e suas obsessões temáticas. Ciranda da Catarina e outros contos é o resultado de sua busca pela Literatura assim, sem adjetivos e com L maiúsculo. Muitos são os frutos dessa quixotesca empreitada: a verossimilhança, o non sequitur dos diálogos, os absurdos sequenciais do cotidiano; o amálgama do cronista ferino; o cerebral narrador e o filho lírico, que nem ao evocar o pai se despe da elegância e da concisão. Estão aqui o aforista implacável e o contista virtuoso, (...)