A primeira parte (De sapos e camarões) trata de embates em torno de conhecimentos tradicionais sobre duas espécies animais. [...]A segunda parte do livro (De raízes e milho) trata de duas experiências de diálogo intercientífico.[...] A terceira parte do livro (Da ecologia e dos ambientalistas) apresenta três estudos de caso sobre experiências entre povos indígenas e ecólogos e ambientalistas de distintos interesses e projetos. [...]No intuito de tirar o máximo proveito dessas variadas etnografias, sugiro que o leitor olhe com atenção os seguintes aspectos: primeiro, os povos tradicionais, cujos conhecimentos são o foco de análise aqui, representam grupos muito diversos entre si: povos indígenas da floresta tropical e da savana, comunidades negras rurais, caiçaras da Mata Atlântica; segundo, essa sociodiversidade está acompanhada de uma alta diversidade de ecossistemas: dos altos dos Andes aos mares do Atlântico Sul, da secura do Cerrado à umidade da Amazônia; terceiro, embora todos os capítulos tratem de conflitos entre sistemas científicos, os casos apresentados também contêm pro¬cessos (mesmo incipientes) de diálogos intercientíficos, porém com resultados muito diferenciados entre si; quarto, em cada caso analisado, existe uma multiplicidade de atores sociais em interação, envolvendo organizações ambientalistas, órgãos governamentais, pesquisadores universitários, médicos, agrônomos e, claro que sim, antropólogos; finalmente, como toda boa etnografia, esses capítulos trazem muitas falas diretas dessa variedade de atores, o que nos ajuda a sentir mais próximos os dilemas intercientíficos. Do Prólogo de Paul E. Little