O que pensar acerca de ações voluntárias, que são referidas socialmente como fazer o bem, ajudar o próximo? Quais motivações inconscientes podem estar em jogo? Serão elas sempre úteis e adequadas àqueles que as recebem? E esses outros a quem nos referimos nessas situações como carentes, desfavorecidos, desamparados, que posição ocupam nessa relação, o que pode vir a produzir nesses sujeitos uma possível experiência como essa? Para responder a esses questionamentos, a psicóloga e psicanalista Rachele Ferrari, nos convoca, de forma sensível e contundente, a pensar e a nos posicionar sobre o fazer voluntário. É justamente o resultado desse trabalho que agora poderá ser conferido em Voluntariado: uma dimensão ética - livro editado pela Escuta, que acaba de ser lançado. Com base em uma experiência no ambiente corporativo, onde assessorou um Programa de Voluntariado em que funcionários acompanhavam jovens ditos desfavorecidos, Rachele, na melhor tradição freudiana, analisou os impasses envolvidos nessas ações. O objetivo é compreender o que motiva as pessoas a se engajar em favor dos outros, geralmente estranhos a seu meio e normalmente carregados de sofrimentos e situações de vida muito tumultuadas. Consequentemente, a autora busca entender ainda a baixa fidelização dos voluntários, levando a psicanálise a campo.