O único meio de suportar a existência é mergulhar na literatura como uma orgia perpétua, dizia Flaubert. A frase não apenas define o mergulho de Helayne Cristini e Didier Guigue na literatura, mas também soa quase como um epítome da vida dos autores quando emprestadas, na ficção, aos personagens Paul e Carmen protagonistas do romance O som de quem te ama. Conterrâneo de Flaubert, Paul é um professor de música que vive um romance poliamoroso com a musicista Carmen. Ele possui uma teoria: as relações humanas são como ondas sonoras que vibram em conjunto: são várias as combinações possíveis. Mas a teoria que Paul compartilha com Carmen se vê ameaçada por um ruído: a relação dele com Brenda, modelo brasileira em ascensão com quem Paul embarca numa aventura de volta à Europa de suas origens. O romance é fragmentado. Não apenas porque trata de relações fragmentadas, mas também de tempos fragmentados: além da narração focalizada em Paul, utilizam-se os suportes das redes sociais (...)