Luca Barbabianca demonstra um domínio invejável ao utilizar a forma fixa. Seus decassílabos são rigorosos, porém em momento algum enfadonhos. Muitos poemas nos remetem a Pessoa, Drummond, Murilo Mendes e claro, Glauco Mattoso, mestre do soneto. Sonetos de Augusto dos Anjos, Vinícius de Morais e Paulo Bomfim (a quem, inclusive, Barbabianca rende homenagem), me parecem fonte de leitura e de consulta para a artesania de sua poética. A escolha das formas fixas (sonetos e indrisos), por sua característica formal um tanto hermética, valoriza a melopeia. Destacaria seus sonetos Arrepio, com um falso flerte com a lírica amorosa; Avatar, no qual predomina uma preocupação existencial; Soneto da aporia (um dos melhores desta coletânea), traz questionamentos sobre as incongruências do indivíduo contemporâneo; Sonho libertário, o qual flerta com a vertente social, porém sem ser panfletário; Soneto herético (me lembrou um pouco Drummond, um pouco José Chagas), [...]