O tronco suberoso do pé de pequi arranhava as costas de João, que abraçava forte as canelas e abrigava a cabeça entre os joelhos sujos de terra. Esperava se esconder, mas os soluços fortes do choro soavam altos suficientes para entregarem o esconderijo. Queria poder desenhar o dia todo, correr no meio do mato, se deitar sobre a palha e só pensar como iria se divertir no outro dia. Queria sorrir sincero, sem o cansaço imbuído no corpo, sem o sono desmedido depois de um dia inteiro ceifando cana. Queria sair pela mata cantando e explorar o seu mundo. Queria sumir, mas não voltar a trabalhar. Queria não ter medo. Queria ser criança.