Se for verdade, como Gilles Deleuze ressaltava outrora, que a filosofia se caracteriza pela criação de conceitos, Schopenhauer certamente merece o título de grande filósofo, que lhe foi tardiamente concedido. Embora não tenha forjado neologismos espetaculares, suas inovações conceituais não deixam de ser consideráveis, mas ele procede sempre com grande probidade e numa linguagem luminosa, circunscrevendo escrupulosamente o sentido, o lugar e o alcance das noções que utiliza, em particular quando renova sua acepção tradicional. É o caso da Vontade, que adquire um estatuto metafísico e cosmológico, da Liberdade, que se separa do livre-arbítrio para se tornar um dos atributos dessa Vontade universal, da Sexualidade, enfim, essa "sede da Vontade", investida de uma função sem precedentes na história da filosofia.