Juan Bautista de Toledo estava bem colocado para desempenhar papel fundamental na definição de uma arquitectura representativa da autoritária monarquia católica, quando foi chamado de Itália por Filipe II para conceber as casas do rei e colocar Madrid na condição de centro do império. Esperto em traçados italianos e na condução das práticas construtivas, não se revelou à altura da complexa tarefa em que foi investido. Assaltado pela tragédia perdeu convicções e capacidade de resistência à dura realidade que consistia em inverter as práticas tradicionais instaladas para se assumir como primeiro arquitecto de Espanha. Foi Juan de Herrera, jovem fidalgo de fracas posses e muitas ambições, quem acabou por ocupar esse lugar. Habilidoso, forjou-se na técnica, mas os caminhos do mundo despertaram-no para a ciência que explica e suporta o engenho, moldando uma personalidade atenta, combativa e lúcida. Chegou à arquitectura numa atitude de observador operativo para cumprir responsabilidades que lhe eram conferidas em momentos de dificuldade na prossecução dos objectivos reais. Usou os conhecimentos da matemática e da mecânica, da geometria e da ordem lógica para dar corpo às rigorosas concepções do tempo através da prática sistemática e organizada do projecto.