Um bom livro é o que dá margem a várias leituras: se espraia num enredo horizontal para quem quer apenas (apenas?) uma boa aventura para deleite e/ou passar do tempo; mas permite também um mergulho vertical em águas turvas, agitadas, temerárias. Desde a primeira frase deste De onde estou já fui embora, do paulista-cearense Alexandre Landim, já somos jogados, juntos com o personagem-narrador, dentro de um avião com todos os percalços e incertezas de um voo inesperado: não só lançados, talvez sacudidos dissesse melhor, do presente para o passado na vida desse adolescente tardio que vai nos apresentando meio à força e sem jeito (tal esses bate-papos com estranhos) aos seus companheiros de república estudantil, à sua mãe castradora e invasiva, e pasmem! até ao novo-rico companheiro dela. Os flashbacks te jogam de volta ao agora, que na verdade é um presente confuso, mistura de improvisos do acaso com pitadas de alucinações. [...]