O pensamento de Evaldo Coutinho, que se concentra numa síntese teológica e estético-filosófica, veio se desenvolvendo através dos quatro volumes anteriores, culmina neste livro numa profundidade de discernimento suscetível de comprovar-se a cada página, além de ostentar a coerência interna, indispensável a todo labor especulativo. O viver humano se traduz como viver metafísico, quando os fatos se deixam corresponder ao sentido que lhes inocula o escritor, qual seja, o de nada deixar escapar à ordem fisionômica. Esta é a denominação com que Evaldo Coutinho intitula o universo enquanto repertório de sua individualidade em via de perecer. Os episódios apresentados no dia-a-dia atestam a dependência em relação à vida do próprio autor, visto que ele os existencia através do conhecimento e da criação. A par da originalidade daquela síntese, ressalta a qualidade de uma escritura, ímpar no pensamento brasileiro, e a novidade literária, rara de ver-se na ensaística filosófica em geral. Trata-se, na verdade, de uma contribuição que veio para ficar entre as mais sensíveis meditações sobre o sentido do existir e que irá penetrando na consciência do leitor que tiver o gosto pela aventura do espírito através dos caminhos da reflexão e do autoconhecimento e que se der ao trabalho de acompanhar Evaldo Coutinho em sua notável caminhada para fora de si, dentro de si.