Planejamento - avaliação - planejamento... esta é a circularidade que encerra o texto de Gabriel, ao desenvolver sua proposta de seleção e articulação de conteúdos em educação infantil. Uma leitura que vem a propósito numa época em que se questiona a "adultização" da infância. O autor discute a questão essencial do processo educativo: onde está a criança nas situações de aprendizagens propostas todos os dias pelos professores? Fundamenta-se na semiótica de Peirce e propõe um olhar atento para interpretar o que elas próprias expressam em termos de interesses, de modos de viver e de entender as coisas que as rodeiam nos diferentes contextos das creches e pré-escolas. Gabriel propõe, no seu texto, uma concepção de planejamento/avaliação que se configura por meio de múltiplas leituras das múltiplas linguagens do universo infantil. É importante sublinhar duas contribuições que o autor faz ao tema. Primeiro é o fato de trazer uma série de reflexões e exemplos sobre projetos desenvolvidos com crianças de zero a três anos. Considerando o tempo abusivo de permanência das crianças dessa idade nas instituições, são cada vez mais preocupantes as propostas por demais diretivas e limitadoras que se desenvolvem para essa faixa etária. O segundo é sobre a relação teoria-prática que estabelece ao escrever seu texto. Através dos ricos exemplos de diálogos e situações vividas e de relatórios de alunas-estagiárias, dá concretude a sua própria estratégia mediadora, mostrando que estudantes, professores e professoras evoluem em suas práticas por meio da reflexão teórica, do apoio e da interlocução com supervisores que se tornem seus parceiros nessa caminhada.