Meu nome é Hermínio Bello de Carvalho, e resolvi eu mesmo apresentar a chamada "orelha" do livro. A razão? Talvez porque seja a pessoa mais capacitada para fazê-lo, na medida em que minha carreira está toda ela difusa em atividades as mais diversificadas. Um "orelhista" (existe isso?) profissional talvez se avexasse em dizer que a maioria de meus livros editados eu os paguei do próprio bolso. Isso não me envergonha, qual o quê. Não tenho uma bibliografia muito rica, e meus títulos de poesia são em número menor que os de prosa. Também como operário da palavra, tenho menos de duzentas músicas gravadas. Entendo que o livro será apresentado por especialistas, e terá toda essa parafernália que envolve uma Antologia. A palavra em si é pernóstica e antipática, se levarmos em conta que o poeta que a assina está aparentemente vivo ­ até prova em contrário, e que estando com setenta anos talvez fosse prematuro antologiá-lo em meio a outros vates tão importantes. Meu embornal-matulão é uma espécie de prestação sentimental de contas que faço para comigo mesmo, tentando repartir os compartimentos de eu-casa com o leitor. Nada mais do que isso, e não acho pouco. Também não me considero um marginal da poesia, embora desconheça o que ela ­ poesia ­ pensa a meu respeito. Obrigado. Poetas do Brasil - Esta coleção tem como finalidade colocar ao alcance do leitor as obras dos autores mais representativos da história da poesia brasileira. Ela conta com a colaboração de especialistas e pesquisadores no campo da literatura brasileira, a cujo encargo ficam os estudos introdutórios e o acompanhamento das edições.