No tom do berimbau, o e se converte em nós e um corpo se torna muitos, ao mesmo tempo em que o eu e o meu são sempre outros que se definem no devir implicado no jogo. Elemento fundamental da capoeira, a ginga é a condição sine qua non para que, dinamicamente, em sua individualidade, permaneça o mesmo em seu devir constante. A capoeira enquanto corpos que se definem e transcendem a si mesmos permite uma interpretação em que o humano se faz, performaticamente, outro de si (animal, peixe, ave, martelo...). Ação, contemplação, movimento, pausa, silêncio, som, opostos que se complementam no tempo propício em que a ocasião, mais do que a razão técnica, marca o ritmo do riso, advindo da alegria de um golpe aplicado, ou da queda como reconhecimento da habilidade do outro que, na espreita da ocasião, demarca a precisão rítmica de uma arte.