A reflexão deste livro parte da percepção de textos e discursos racistas antinipônicos presentes na primeira metade do século XX, e da emergência de um corpo de conhecimentos acerca dos imigrantes japoneses e seus descendentes que tomou forma nos meios universitários de São Paulo, na década de 1940. Esses conhecimentos, elaborados por cientistas sociais, mostravam a necessidade de mensurar e provar a inserção social e cultural dos imigrantes e seus descendentes, em oposição aos conhecimentos produzidos pelos textos e discursos antinipônicos da primeira metade do século XX. Emílio Willems, considerado um dos pioneiros das ciências sociais brasileiras, foi figura-chave do processo de reelaboração das imagens e saberes sobre os japoneses no Brasil, ao mostrar uma estratégia no tratamento do tema: separar política e ciência. Tal estratégia implicou, posteriormente, na construção de determinadas imagens sobre os japoneses no país, mas também na possível exclusão da reflexão acerca do racismo.